domingo, 22 de setembro de 2013

Reportagem_Goalball: Worcester 2013 foi a 1ª paragem. O destino pode ser o Rio 2016


Fonte: FPDD
A história desportiva portuguesa é fértil em trajectos odisseicos. No dia 8 de Setembro de 2013, a selecção nacional de Goalball avolumou esse rol de momentos que pareciam fadados para assim acontecer.

As esperanças da promoção ao Grupo B da modalidade recaíam mais na disputa de um eventual jogo de 3º e 4º lugares, do que em vergar a anfitriã, e até então invicta, Grã-Bretanha, contudo, a equipa portuguesa contrariou o previsível.  “Conseguimos um grande, um grande, mas um grande jogo”, diz Hadiley Sacramento, o maior artilheiro português na prova.


Com uma vitória por 7-5, Portugal alcançou a final da competição, onde caiu frente à Rússia, e carimbou a subida ao Grupo B do Goalball europeu, o que lhe permite continuar a acalentar a presença nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Mas o que mudou desde o jogo da fase de grupos, onde perante o mesmo adversário, a equipa das quinas saiu derrotada por 6-2? 

Para Ruben Portinha, presidente da Anddvis e um dos 6 atletas eleitos para representar as cores nacionais no Campeonato da Europa de Worcester, nada se alterou. "[O] que esteve ainda mais presente foi a nossa vontade de subir ao Grupo B e concentrarmo-nos numa oportunidade que poderia ser única”. E sintetiza a fórmula da vitória: “A grande garra e a grande vontade de fazer história acabaram por fazer a diferença”.

Os primeiros assomos de que a sorte do jogo iria pender a favor da formação lusa, revelaram-se bem antes da entrada no campo. Em Worcester, cedo se percebeu que as boas vibrações vestiam-se de verde e vermelho. “Desde o cantar o hino a plenos pulmões no túnel de acesso à pista até aquele espírito de união que estava à nossa volta... quem assistia aos jogos, puxava muito e apoiava muito a selecção portuguesa. Deu-nos aquela estrelinha da sorte em vários momentos do jogo”, afirma Ruben Portinha, “the man with curly hair”, segundo as palavras do comentador que narrou os encontros. Aliás, a áudiodescrição dos jogos causou impressões positivas. “A transmissão de todos os jogos com narração, com áudiodescrição, foi fantástico na opinião geral”, acrescenta.

Fonte: FPDD. Hadiley Sacramento.
Hadiley Sacramento assume algum espanto com o reconhecimento mediático da vitória – “até fui convidado pela Bola Tv”, conta -, e espera que o marco célebre sirva de incentivo para atrair novos praticantes. 

“Há muitos jovens da faixa etária dos 15 aos 25 anos com vontade de experimentar o goalball mas que nunca o fizeram. Muitos jovens no aeroporto dirigiram-se a mim, assim que lhes mostrei a medalha, e simplesmente disseram: «Olha, quero ser um dia como tu, um grande jogador e ter essa medalha ao pescoço». Isso é gratificante”. Ele, atleta inveterado,  iniciou-se aos 3 anos no desporto, conheceu o Goalball aos 16 e, hoje, com 28, diz não conseguir deixar a modalidade.

“O goalball português tem tudo para crescer dentro e para fora”

 DR. Ruben Portinha.
Agora no grupo B, Portugal terá que elevar o seu nível, o que passa por ampliar a base de apoios, não apenas financeiros considera o atleta-dirigente Ruben Portinha. 

“É preciso tentar garantir que a selecção nacional, sempre que decide fazer um estágio, não seja necessária esta ginástica toda por parte da ANDDVIS em encontrar locais de treino tendencialmente gratuitos,  garantir melhores condições de logística, não andar a fazer contas a cada pack de águas comprado”. 

E essencial em igual medida: “Apostar na renovação de gerações e trazer mais atletas para o goalball português”. Tal como o companheiro de selecção e clube (ambos jogam no Clube Atlético e Cultural da Pontinha), Hadiley Sacramento, Ruben acredita na força geradora da subida ao grupo B, enquanto“alavanca e factor de motivação” para que surjam “outros apoios, atletas, treinadores e árbitros”. Se assim for, “o goalball português tem tudo para crescer dentro e para fora”, assegura.


A presença no 2º escalão do goalball europeu mantém vivo o sonho de chegar ao “Rio 2016”, uma tarefa não menos hercúlea que a jornada transacta, mas a receita tem tanto de singela, como de sentida. “Temos que lutar, independentemente das condições que temos. Trabalhar com amor, com garra, com muito amor à modalidade”, resume Hadiley.

Em Worcester, deu-se o primeiro passo e na bagagem – garante Ruben Portinha - vieram duas certezas: foi uma vitória “absolutamente fantástica e histórica” para o goalball português e a “nossa gastronomia continua a ser melhor”.



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